
Calwer Mineração celebra 40 anos
Tendo o sol como um presente, gestores, colaboradores, parceiros e amigos se reuniram na igreja Santa Teresinha, em Brusque, para uma missa em Ação de Graças pelos 40 anos de fundação da Calwer Mineração. Agora distantes dos pés da jazida, localizada no bairro Ribeirão do Ouro, em Botuverá, todos que integram esta história de fé e superação dobraram seus joelhos para agradecer a dádiva de viver do fruto sagrado do trabalho, em uma das maiores empresas fabricantes de calcário de Santa Catarina.
A celebração, presidida pelo padre botuveraense, Nelson Tachini, e concelebrada pelo pároco de Santa Teresinha, Pe. Anderson Moacir Ramos, teve diversos momentos especiais. No ofertório, pedras brutas e produtos derivados foram conduzidos até o altar pela mão dos colaboradores. E, antes da bênção final, uma homenagem uniu preces e corações em memória do filho de Valdete e José Augusto Werner, Guilherme.
Na proclamação do Evangelho, padre Nelson compartilhou a parábola dos talentos (Mateus 25, 14-30). Tal como o servo bom e fiel, o diretor da empresa, José Augusto (Zeca) Werner, fez questão de iniciar as festividades à partir deste encontro espiritual. “Deus nos deu a Calwer para administrar e, 40 anos depois, vemos o resultado. Ele nos deu cinco dons e hoje entregamos 10. Estou feliz”, expressou, emocionado, ao lado da esposa.
Entre as lembranças que habitam seu coração, estão os dias difíceis, vivenciados ao lado do pai, Miguel, e dos tios, José Manoel e Ivanor. Ao contemplar Valdete, reconhece: “Ela é o nosso esteio”, elogia. “Estou muito feliz em saber que os filhos agora estão assumindo a empresa, iniciando esta transição”, comentou.
Tempo de gratidão
Há dois anos, a celebração de aniversário da Calwer Mineração começou a ser planejada. O objetivo era proporcionar aos colaboradores um dia especial, com referências que são importantes para a família Werner. A oração, que sempre esteve presente no cotidiano de José e Valdete, foi compartilhada na manhã de sábado.
“Deus está em primeiro lugar em todos os nossos passos. Tudo que foi construído é porque Deus nos permitiu. Então, dou graças a Deus porque meus pais se uniram e nos deram o dom da vida. E posso retribuir pela força do trabalho, que hoje emprega e faz diferença na vida de tantas outras famílias. É uma alegria compartilhar um pouco do que vivemos com nossos colaboradores”, enfatiza.
Valdete, testemunha silenciosa desta jornada de quatro décadas, conta que a fé, a força e a esperança no futuro serviram de impulso para transpor as pedras encontradas pelo caminho. “Eu lembro que, quando as coisas não estavam bem, meu marido invocava o Espírito Santo. Não foi fácil, especialmente quando perdemos nosso filho. Mas senti que eu não podia fraquejar. Pela família, segui em frente e, com a graça de Deus, chegamos até aqui”, ressalta.
Novos tempos
Hoje diretora financeira da Calwer Mineração, Gisleine, a Gise, tinha cerca de sete anos quando esta empreitada do pai, dos tios e do avô começou. Desta forma, ela acompanhou a trajetória, a superação de momentos difíceis e o crescimento fundamentado em valores como a ética e a honestidade.
“Meu pai vendeu a nossa casa para comprar equipamentos e nós precisamos morar com outras pessoas, de favor. A Calwer era o seu sonho. Ele trabalhava até tarde, às vezes dormia lá, sobre pneus, entre latas de óleo. Era um trabalho que não tinha fim, de domingo a domingo. E a mãe permanecia em casa, cuidando de nós. Ainda assim, quando olho pelo retrovisor da vida, sinto que devo agradecer”, conta Gise.
Na festa de 40 anos da empresa, a primogênita celebrou o resultado de um esforço coletivo e com propósito. “A mãe fazia de tudo para nos sustentar e educar, praticamente sozinha, já que o pai estava sempre em Botuverá. A gente até brinca que a Calwer é a nossa irmã mais velha, que sempre exigiu cuidado e atenção. Hoje, vivemos pela realização do sonho do nosso pai”, descreve.
Desde os 15 anos, Gise trabalha na empresa. No começo, sua atribuição era um pouquinho de tudo e, aos poucos, seu caminho foi moldado para a administração do negócio. Como uma planta que se cultiva, o serviço de mineração exigia persistência, foco e determinação para florescer.
“Sinto orgulho e gratidão pelo pai nunca ter desistido. Sei que para ele era difícil deixar a esposa e os filhos pequenos, vender a casa, morar de favor. Ele foi corajoso! Agora, pedimos a Deus sabedoria para seguir neste caminho e que as próximas gerações possam dar continuidade”.
Quando José Manoel nasceu, a Calwer Já existia. “Não é uma empresa, é parte da minha família”, define o caçula de Valdete e José Augusto. “Faltavam equipamentos e recursos. Veio a superinflação e também faltou dinheiro. É uma história de percalços. Nos últimos 20 anos, meu pai ficou sozinho na sociedade e, bem devagar, foi galgando o crescimento”, detalha José.
Uma empresa que preza pela sustentabilidade e pelo respeito ao meio-ambiente, reconhece que o relevo de Botuverá dificulta o acesso à moradia e, consequentemente, o crescimento populacional necessário para a mão de obra. Já grande parte do mercado consumidor também está distante, em regiões mais agrícolas de Santa Catarina. “Mas nós sempre acreditamos que os desafios existem para serem superados”, pontua o CEO da Calwer Mineração.
Para José, o futuro é de esperança. “Com fé e dedicação vamos continuar crescendo”, avalia.
Primeiros colaboradores
O diretor de produção, Edenísio Schroder, trabalha há 36 anos na Calwer Mineração. Morador de Botuverá, ele conta que perdeu o pai aos 12 anos e logo pensou em uma forma de ganhar o próprio dinheiro e contribuir com a família. Dois anos depois, aos 14, se encheu de coragem para perguntar à José Augusto se havia algum “servicinho” que pudesse fazer nas férias escolares de julho. Assim, ele foi acolhido na empresa, onde permanece até hoje.
“Comecei no braçal. Depois, fui para o almoxarifado. Mas sempre fiz o que precisava ser feito. Até hoje, se for necessário, coloco a mão na massa, sem problemas”, explica o diretor de produção.
Aos 16, Edenísio comprou uma moto. Depois, conseguiu pagar um carro. Casou, formou família e tem um filho de seis anos. “Sinto orgulho e gratidão por fazer parte desta história desde o começo. Fui crescendo, me dedicando e o esforço foi reconhecido. Hoje me sinto como parte da família, pois convivo diretamente com eles”, enaltece.
Mesmo sem trabalhar mais na Calwer, Valdecir Foppa também celebrou os 40 anos da empresa. Seu pai, José, começou a parceria laboral com a família Werner ainda na época do cal, e ele seguiu este mesmo caminho, por volta de 1978. “Em 1982 fechou essa empresa de cal e, três anos depois, quando o Zeca iniciou a Calwer, ele veio me convidar para trabalhar. Na época, eu ajudava o meu pai na plantação de fumo e pude me dedicar à mineração na entressafra”, relembra.
Valdecir conta que depois de alguns anos, deixou a empresa para “inventar outras coisas”. “No começo, tudo era braçal. Limpava a pedreira com o uso da pá, enxada, picareta. Carregava o caminhão com as mãos. E o calcário à granel também era carregado de forma manual”, descreve.
Fora da Calwer, Valdecir permaneceu aproximadamente dois anos. Voltou, trabalhou mais cinco e decidiu morar em Brusque. “Passou uns três anos e o Zeca veio me procurar de novo, perguntando se eu queria voltar a trabalhar. Aceitei e lá se foram mais 12 anos. Agora, não trabalho mais, embora a nossa amizade continue. O Zeca é um irmão, meu amigo do peito. Admiro ele e a sua família”, salienta.













































































































































